Câmara Criminal do TJAL tranca ação contra acusado e expõe suspeitas sobre atuação da Justiça em Alagoas

Foto: Reprodução

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A decisão da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) que trancou a ação penal contra o advogado Daniel Mayer reacendeu debates sobre a independência do Judiciário e a influência política em casos de grande repercussão.

O julgamento contou com votos favoráveis de desembargadores que já vinham sendo alvo de críticas por suas ligações políticas e familiares. Um dos magistrados, por exemplo, teve a filha nomeada recentemente para cargo no governo estadual, antes mesmo do julgamento. Outro, irmão de uma liderança da Adepol (Associação dos Delegados de Polícia de Alagoas), entidade que atua na defesa de Mayer, também votou a favor do trancamento da ação.

Na contramão dessa maioria, um dos desembargadores se posicionou contra o pedido de Mayer, alinhando-se ao entendimento do Ministério Público, que defende a continuidade da investigação. O voto foi visto como uma postura mais rígida no combate à impunidade e ao enfraquecimento da persecução penal.

A proximidade de alguns julgadores com interesses ligados ao processo levanta dúvidas sobre possível suspeição e necessidade de apuração. Não é a primeira vez que nomes já envolvidos em polêmicas reaparecem em julgamentos de relevância para figuras influentes do estado, o que amplia o questionamento público.

Enquanto isso, a atuação da Polícia Civil de Alagoas também tem sido alvo de críticas. Há relatos de que a corporação avança em alguns inquéritos, ao mesmo tempo em que deixa outros parados, de acordo com conveniências políticas ou pressões externas.

Diante desse cenário, resta a pergunta: a quem interessa deixar esse crime impune? A inquietação cresce especialmente pelo fato de que filhos do atual secretário de Segurança Pública atuam como advogados no caso, o que reforça a percepção de conflito de interesses.

O Ministério Público, agora, é instado a dar respostas. Cabe à instituição avaliar se houve excessos, favorecimentos ou eventual comprometimento da imparcialidade no julgamento da Câmara Criminal do TJAL e se a Justiça alagoana cumprirá, de fato, seu papel de zelar pelo interesse público.

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