A vida reprodutiva da mulher é dividida em três grandes fases: o período reprodutivo, o climatério e o pós-menopausa. Para algumas, a transição entre a primeira e a última fase ainda é cercada de tabus, dúvidas e falta de informação.
Nem toda mulher apresenta os sintomas característicos do fim da vida reprodutiva. Um levantamento da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), realizado com 1,5 mil mulheres de todo o Brasil em 2022, mostra que cerca de 80% delas apresentam algum sintoma. Mas alguns sinais são inespecíficos e podem passar despercebidos.
“Essa fase de transição é caracterizada por várias manifestações que não são específicas e podem ocorrer também em outras situações, causando confusão”, afirma o ginecologista Luciano de Melo, presidente da Comissão de Climatério da Febrasgo.
Climatério
O climatério marca um período de transição que ocorre com a queda da produção dos hormônios femininos entre os 45 e 55 anos de idade. É nesta fase que os sintomas desconfortáveis começam a aparecer. Ele acaba oficialmente na última menstração, chamada de menopausa.
“A mulher não entra no pós-menopausa de uma hora para a outra: existe um período de transição chamado de climatério. É quando ela começa a sentir os sintomas do hipoestrogenismo (a queda da produção do estrogênio)”, explica o ginecologista Rafael Lobo, da clínica Tivolly, de Brasília.
Sintomas que indicam a aproximação da menopausa
O primeiro marcador para as mulheres que possuem útero é a variação do padrão menstrual. Os ciclos começam a ficar mais próximos uns dos outros por um tempo, até que evoluem e se tornam mais espaçados.
O estudo da Febrasgo mostra que as alterações menstruais costumam ser percebidas cerca de dois anos antes da menopausa (parada definitiva da menstruação).
“As mulheres não seguem sempre essa regra, mas notamos que primeiro o ciclo encurta e depois fica mais espaçado até que elas ficam 12 meses sem menstruar, fechando o diagnóstico”, afirma Lobo.
Nesse período, a paciente também pode apresentar sintomas clínicos devido ao hipoestrogenismo, quando os ovários começam a ter um estoque reduzido de folículos, diminuindo a produção hormonal.
Os sinais podem incluir ainda as famosas ondas de calor, que acontecem devido a uma alteração no termostato presente no cérebro das mulheres, alterando a percepção da temperatura externa. As pacientes relatam sentir calor de curta duração seguido por um frio intenso com sudorese, prejudicando o sono. O sintoma pode começar cerca de um ano antes da menopausa.
O estudo da Febrasgo mostra que as ondas de calor têm um pico de frequência por volta de um a dois anos após a última menstruação. Depois, a frequência tende a diminuir. Para metade das mulheres, os fogachos duram mais de quatro anos, mas para 10% delas, demoram mais de 12 anos para desaparecer.
Outros sintomas são:
Alterações de humor;
Depressão;
Nervosismo;
Dores musculares;
Dores articulares;
Névoa cerebral: memória a curto prazo debilitada, esquecimento de palavras para completar frases, baixa concentração;
Falta de energia;
Ressecamento da pele;
Queda de cabelo;
Enfraquecimento das unhas;
Ressecamento vaginal: com a baixa do estrogênio, a mucosa vaginal perde a lubrificação. O sintoma pode causar dor e incômodo nas relações sexuais;
Queda de libido.
Diagnóstico
O diagnóstico pode ser feito tanto pela observação dos sintomas, quanto pelos exames laboratoriais de FSH e estradiol.
“Quando a paciente fica 12 meses sem menstruar, a gente admite que aquela foi a última menstruação e ela entra na pós-menopausa. Este é o diagnóstico final”, esclarece Lobo.
Se a mulher não tem útero, o diagnóstico é feito a partir da avaliação dos sintomas do climatério e exames hormonais laboratoriais, como o FSH e estradiol. “Quando o FSH está alto e o estradiol baixo em duas medições (geralmente em intervalo de quatro meses), nós conseguimos fazer o diagnóstico laboratorial dessa paciente”, explica o médico.
A ultrassonografia para avaliação do volume dos ovários também é usada como uma pista para dizer se a mulher está entrando na menopausa, uma vez que ele diminui com o passar dos anos.
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