Gerente sênior do BRB, investigado por lavagem de dinheiro, desviou recursos do banco

A corregedoria do Banco de Brasília (BRB) investiga um esquema de fraude e lavagem de dinheiro que teria sido operado por um de seus executivos, o gerente de negócios sênior Alisson Vinícios Freitas Silva. Documentos internos obtidos pela coluna apontam que as movimentações suspeitas envolvem valores de, pelo menos, R$ 600 mil, transferidos por meio de Pix e de operações bancárias rápidas em nome de sua sociedade unipessoal de advocacia.

A investigação teve início em 22 de maio de 2025, quando a Gerência de Prevenção a Fraudes (Gefra/BRB) notificou a corregedoria do banco sobre operações incomuns realizadas pelo executivo. De acordo as apurações da instituição financeira, a fraude ocorria por meio de adiantamento de cobrança em boletos, em que os fraudadores, via acesso a sistema dos clientes, adulteravam os dados das contas de destino dos boletos.

O alerta partiu do Banco Itaú-Unibanco, que identificou indícios de fraude em uma transferência de R$ 300 mil para a conta da empresa Alisson Freitas Sociedade Individual de Advocacia, que conta com o servidor do BRB como sócio. O banco veda que qualquer funcionário exerça funções que possam se chocar com interesses institucionais.

Além de Alisson, a corregedoria do BRB investiga a participação de um comparsa do servidor no suposto esquema fradulento. Ele aparece em imagens de câmeras de segurança do BRB fazendo depósitos suspeitos em pelo menos duas oportunidades na boca de um caixa em uma agência de Ceilândia. A suspeita é que os valores sejam provenientes de lavagem de dinheiro.

Movimentações suspeitas

Em seguida, o montante foi rapidamente redistribuído da seguinte forma:

Essas operações, de acordo com técnicos da área de prevenção a fraudes que fizeram análises no processo de apuração, apresentam padrão típico de fracionamento e dispersão de valores, comum em esquemas de lavagem de dinheiro.

Quebra de sigilo

Em despacho obtido pela coluna, a corregedoria do BRB solicitou à Justiça quebra imediata do sigilo bancário de Alisson, com base no artigo 300, §2º, do Código de Processo Civil. O pedido destaca que o gerente já tinha conhecimento dos bloqueios e poderia “manipular ou destruir documentos e registros essenciais para a apuração”.

O relatório ainda menciona violação ao Código de Conduta do BRB e possíveis infrações ao Estatuto da Advocacia, já que a sociedade unipessoal foi usada como canal de movimentação financeira.

A investigação é vista como prioridade pelo banco controlado pelo Governo do Distrito Federal, que busca consolidar imagem de solidez e transparência no mercado financeiro. O envolvimento de um gerente sênior em suposto esquema fraudulento coloca em xeque a efetividade dos mecanismos internos de compliance e pode gerar repercussões junto ao Banco Central.

Com a quebra de sigilo bancário em análise judicial, a corregedoria deverá aprofundar a investigação para rastrear a origem dos recursos e verificar se houve participação de terceiros. Caso se confirmem os indícios, Alisson poderá responder por fraude financeira, lavagem de dinheiro e improbidade administrativa.

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