Os índices de inflação fecharam 2024 acima das metas estabelecidas pelo Banco Central, com destaque para a alta nos preços de alimentos e combustíveis, que pressionaram o orçamento das famílias brasileiras. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que reflete o impacto sobre famílias com renda de até cinco salários mínimos, subiu 4,77% no ano. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referência oficial para a inflação no Brasil, acumulou alta de 4,83%.
Ambos os índices ultrapassaram o teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,65%. O INPC ficou 0,12 ponto percentual (p.p.) acima do limite, enquanto o IPCA excedeu o teto em 0,33 p.p. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Alimentos lideram alta de preços
O grupo Alimentação e Bebidas foi o principal responsável pelo avanço inflacionário, registrando aumento acumulado de 7,60% no INPC e 7,69% no IPCA em 2024. Esses produtos representaram impactos de 1,83 p.p. e 1,63 p.p. nos respectivos índices. Segundo Fernando Gonçalves, gerente de pesquisa do IBGE, condições climáticas adversas em diferentes regiões do país ao longo do ano impulsionaram a alta nos preços dos alimentos.
No IPCA, os itens que mais pressionaram a inflação anual foram gasolina (9,71%), com impacto individual de 0,48 p.p., e plano de saúde (7,87%), que contribuiu com 0,31 p.p. Outro destaque foi o aumento de 39,60% no preço do café moído, que teve impacto de 0,15 p.p. no índice.
Por outro lado, itens voláteis como passagens aéreas (-22,20%), tomate (-25,86%) e cebola (-35,31%) ajudaram a conter o avanço da inflação, com impactos negativos no IPCA.
São Luís lidera inflação; Porto Alegre tem menor índice
Entre as regiões acompanhadas pelo IBGE, São Luís registrou a maior inflação acumulada em 2024, com alta de 6,51%, impulsionada pelo aumento de 14,24% nos preços da gasolina e de 16,01% nas carnes. Por outro lado, Porto Alegre teve o menor índice (3,57%), graças às quedas expressivas nos preços de itens como cebola (-42,47%) e tomate (-38,58%).
Na região metropolitana de São Paulo, que possui o maior peso no cálculo do IPCA, a inflação fechou em 5,01%. O Rio de Janeiro, terceiro maior peso no índice, registrou alta de 4,69%.
Perspectivas para 2025
Os dados reforçam o desafio de controlar a inflação, especialmente em um cenário marcado por pressões no setor de alimentos e combustíveis. Segundo o IBGE, a próxima divulgação do IPCA, referente a janeiro, ocorrerá em 8 de fevereiro, trazendo os primeiros indicativos para 2025.