A mãe de um dos jovens de 17 anos que planejava executar um massacre em uma escola do Distrito Federal descobriu o conteúdo suspeito gravado pela dupla e ameaçou mostrar o material para a Polícia Civil (PCDF).
O Metrópoles teve acesso à conversa em que o adolescente conta a uma pessoa próxima que a mãe dele descobriu os vídeos com os preparativos para o massacre e cheios discursos de ódio ao acessar seu celular.
“Deu problema aqui, eu resolvi apagar o site porque minha mãe pediu para abrir uma coisa no meu celular e ela viu umas fitas minha e do Vodka [alcunha usada por um deles]”, narra o jovem (foto abaixo).
Após a mulher ter descoberto a trama, teria também aplicado um castigo, restringindo o acesso do adolescente ao celular.
Veja a conversa:
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O jovem contou que a sua mãe descobriu os planos ao acessar o seu celular
Material cedido ao Metrópoles
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Os jovens chamaram o plano de jogar bombas caseiras no centro de Brasília de “bomba anarquista com vodka”
Material cedido ao Metrópoles
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Uma suástica nazista foi desenhada com poeira
Material cedido ao Metrópoles
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Um sol negro, símbolo do movimento nazista, foi desenhado por eles em uma praça pública
Material cedido ao Metrópoles
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Os jovens desenharam caricatura de Hitler
Material cedido ao Metrópoles
Na última mensagem do print divulgado, o jovem confessa que a mãe teria dado uma bronca dizendo que iria entregar tudo para a polícia.
“Ela tentou botar medo em mim dizendo que ia mostrar pra polícia, mas ela não vai não porque quem seria presa é ela e não eu”, diz o adolescente.
Entenda o caso
- Dois adolescentes de 17 anos que estudavam no segundo ano do ensino médio planejavam fazer um massacre em uma escola pública do Distrito Federal.
- O plano dos dois menores de idade teria chegado à direção das escolas onde os alunos estudavam e encaminhado à Polícia Civil (PCDF).
- A dupla propagava discursos de ódio contra mulheres, negros e gays, além de fazer apologia ao nazismo através de um site criado por eles.
- Além de utilizar a plataforma para compartilhar todos os seus planos, os jovens utilizavam o aplicativo do TikTok para impulsionar e fazer o marketing para aumentar o alcance do site. Algumas contas chegaram a ser banidas pela rede social por conter discurso de ódio.
- Entre o fim de 2024 e junho de 2025, os jovens teriam gravado e publicado cerca de 10 fitas para narrar todo os preparativos antes do massacre marcado para o dia 20 de setembro, chamado por eles de “dia zero”. Os arquivos teriam sido apagados ainda em junho deste ano.
- Uma menor de idade que mora na Argentina começou a ter contato com a dupla através de uma comunidade que compartilhava conteúdo de “true” crime, onde pessoas compartilham casos de crimes reais. Por não ter o português como a língua nativa, a jovem não entendia a gravidade das falas.
- A adolescente argentina passou a compreender o idioma brasileiro após um tempo e ao rever os vídeos, passou a entender a gravidade daquilo que era falado por ambos. Depois de tomar conhecimento, ela conseguiu baixar o material criminoso antes da dupla apagar o site, junto todas as provas em documento e enviar para pessoas próximas dos jovens.
- Nos vídeos feitos por eles, os estudantes do ensino médio aparecem manuseando as armas caseiras fabricadas por eles e descrevem os planos de abrir fogo contra pessoas na escola onde estudavam.
- Policiais civis da Divisão de Prevenção e Combate ao Extremismo Violento (DPCEV) detiveram um dos adolescentes suspeitos de planejar fazer um massacre em uma escola pública do Distrito Federal e cumpriram mandados de busca e apreensão.
- Os planos dos adolescentes de 17 anos, que estão no 2º ano do ensino médio, foram divulgados em primeira mão pelo Metrópoles. A região administrativa e o endereço da escola não foram informados para não gerar pânico na população.
- Os adolescentes de 17 anos que planejavam executar um massacre em uma escola nutriam ódio pelo presidente Lula e pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Em mais de uma ocasião, os adolescentes ofenderam o chefe do Executivo e também os seus eleitores.
- Em áudio obtido pelo Metrópoles, um dos estudantes do 2º ano do ensino médio enaltece discursos de Adolf Hitler e critica o presidente Lula ao imitá-lo de forma pejorativa e chamá-lo de “filho da puta”. Além disso, os jovens disseram que pretendiam jogar uma bomba no centro da cidade.
Fabricação de armas e explosivos
Os estudantes do ensino médio gravaram vídeos em que aparecem manuseando as armas caseiras fabricadas por eles e descrevem os planos de abrir fogo contra pessoas na escola onde estudavam.
O outro adolescente chega a falar que pensou em fazer o massacre no dia 20 de setembro, na data do aniversário de 18 anos do amigo. “Que tal fazermos no seu aniversário? O seu presente vai ser atirar em preto e matar gente”, relata.
Ainda no mesmo vídeo, o garoto revela planos de comprar armas. “A gente quer comprar armas no mercado negro, mas não sabemos ainda como entrar nesse meio”.
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No mesmo vídeo, os dois seguem manuseando armas e reafirmam o desejo e ambição por matar outras pessoas. “Só preciso de armamento porque aí eu só vou matar ‘de boa’. Quem invade escola de faca, é imbecil”, dizem os dois jovens.
O Metrópoles teve acesso a vários vídeos e conversas que mostram os jovens fabricando armas e explosivos caseiros com a intenção de atirar e matar pessoas, especialmente pessoas negras e mulheres. O rosto, a voz e a identidade foram preservadas pelo fato dos suspeitos serem menores de idade.
Veja o vídeo dos preparativos:
Caso investigado pela PCDF
Após ser alertada pela Secretaria de Educação, a PCDF iniciou o monitoramento de redes sociais e investigação, constatando inicialmente que não havia risco iminente, pois a mãe de um dos adolescentes havia descoberto e repreendido o filho.
Dentre os materiais apreendidos divulgados pela PCDF, estão uma bandana de caveira e um caderno com desenhos de armas (foto em destaque).
Um dos adolescentes já se encontra em tratamento psiquiátrico. O outro foi encaminhado à Delegacia da Criança e do Adolescente II (DCA II) para as providências cabíveis.
Os aparelhos apreendidos serão submetidos à perícia, e a investigação prossegue com o objetivo de identificar possíveis conexões com grupos e prevenir novos riscos.
A DPCEV orienta os pais e responsáveis a acompanharem os conteúdos acessados por seus filhos na internet e reforça que permanece à disposição para recebimento de alertas e denúncias.
O caso seguirá sendo investigado pela Polícia Civil.