O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio de Almeida, afirmou à CNN, nesta segunda-feira (31), que as críticas ao seu perfil são uma “mentira mal elaborada” e rebateu insinuações de que é “acadêmico demais” para o cargo.
Para o ministro, não faz sentido que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reclame do seu perfil sendo ele o presidente que mais construiu universidades no Brasil.
“Como é que um presidente que fez isso poderia achar que alguém é acadêmico demais? Um presidente que se cercou das maiores cabeças do Brasil nos três governos, que tem entre seus ministros grandes professores, grandes escritores, artistas. Faltou verossimilhança, a mentira tem que ser mais bem elaborada”, criticou Silvio de Almeida.
Aliados sugerem a Lula reforma ministerial mais ampla para acomodar Centrão
Lula e Lira conversam sobre reforma ministerial por telefone, relatam aliados
Movimentos da causa negra defendem permanência de Silvio Almeida nos Direitos Humanos
A declaração vem em meio a um “fogo amigo” promovido por aliados do governo, que têm dito nos bastidores que a pasta dos Direitos Humanos e Cidadania pode ser utilizada para acomodar aliados na Esplanada dos Ministérios.
A CNN apurou que Silvio poderia ser retirado de seu ministério para dar lugar a Luciana Santos, atual ministra de Ciência e Tecnologia — esta seria substituída por algum indicado do “Centrão”.
O ministro afirmou à CNN que jamais sequer conversou com Lula sobre a reforma ministerial, mas disse que o presidente tem autonomia e legitimidade para decidir quem fica e quem sai da equipe ministerial.
“Lula tem total autonomia, liberdade, legitimidade para escolher quem ele acha que fica e quem deve sair. Entretanto, isso não foi objeto de nenhuma conversa com o presidente Lula. Pelo contrário, falamos sobre projetos da pasta”, explicou Almeida.
A CNN apurou que o ministro e o presidente conversaram sobre o plano, em análise no Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, para lidar com a população de rua. Lula, segundo relatos feitos à reportagem, endossou o trabalho.
Almeida disse estranhar que alguns perfis do governo sejam criticados por serem acadêmicos de menos, enquanto outros são alvo de crítica justamente por ser acadêmicos demais.
“O que significa no meu caso especificamente me achar acadêmico demais? O Milton Santos, minha fonte de inspiração, dizia que ser negro e intelectual, acadêmico nesse país é algo muito complicado porque você está em um lugar que as pessoas acreditem que você não deveria estar. Eu não acredito que seja o propósito principal, mas acho que a questão racial entra no jogo”, declarou.
Veja também: Quem são os ministros do governo Lula