Pesquisa aponta que 60% dos brasileiros têm receio em compartilhar dados biométricos

Levantamento indica crescente preocupação com a privacidade e a segurança no uso de tecnologias de reconhecimento biométrico no país.

Levantamento aponta que 30% das empresas brasileiras armazenam impressões digitais e reconhecimento facial de funcionários e clientes, enquanto a preocupação dos brasileiros com a proteção desses dados atinge 60%. Adequação à LGPD também avança.

A coleta de dados biométricos por empresas brasileiras está em crescimento, conforme revela a pesquisa “Privacidade e Proteção de Dados Pessoais”, divulgada nesta terça-feira (3) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). De acordo com o estudo, a proporção de empresas que armazenam informações biométricas de seus funcionários ou clientes, como impressões digitais e reconhecimento facial, aumentou de 24% em 2021 para 30% em 2023.

Além dos dados biométricos, o levantamento também identificou um crescimento no número de empresas que armazenam informações de saúde de funcionários ou clientes, que subiu de 24% para 26% no mesmo período. Esses números refletem a crescente digitalização dos processos corporativos e o aumento do uso de tecnologias de identificação e monitoramento.

No entanto, o avanço na coleta de dados biométricos vem acompanhado de uma crescente preocupação entre os brasileiros. A pesquisa aponta que 60% dos usuários de internet no país demonstram apreensão ao fornecer esse tipo de dado. Especificamente, 32% dos entrevistados com 16 anos ou mais disseram estar “muito preocupados” e outros 28% “preocupados” com a necessidade de compartilhar informações biométricas.

A preocupação dos usuários se intensifica quando se trata de fornecer dados biométricos a instituições financeiras (73% preocupados), órgãos governamentais (73%) e serviços de transporte público (71%). Essa desconfiança evidencia a importância de uma gestão responsável e transparente dessas informações pelas empresas e organizações.

A pesquisa também destacou um avanço significativo na adaptação das empresas à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Entre 2021 e 2023, a proporção de pequenas empresas que ajustaram seus contratos para se adequarem à LGPD subiu de 24% para 31%, enquanto entre as grandes empresas esse percentual aumentou de 61% para 67%. Essa adequação é crucial para garantir a segurança dos dados pessoais e evitar possíveis sanções legais.

Os resultados da pesquisa evidenciam a dualidade do cenário atual: enquanto as empresas brasileiras avançam na adoção de tecnologias de coleta de dados biométricos, a preocupação com a privacidade e a proteção desses dados se torna uma questão cada vez mais central para a população. O desafio, tanto para as empresas quanto para os legisladores, será equilibrar a inovação tecnológica com a garantia de direitos fundamentais, como a privacidade e a segurança dos dados pessoais.

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